quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Deixem meus mamilos em paz!




Às vezes me arrependo um pouco por ser boca grande e sair compartilhando meus projetos com os outros. Nem todo mundo torce pelo nosso sucesso, êxito e felicidade. Que pena. Sério, sinto pena de quem não tem a capacidade de ficar feliz com a felicidade alheia. 

Torço muito para os que me são importantes. Quero que eles tenham paz, que encontrem sempre os melhores caminhos, que tenham serenidade, força, sorte. É claro que a inveja faz parte do ser humano. Impossível não senti-la. Impossível matá-la. Mas é possível mantê-la no seu devido lugar. É perfeitamente possível acertar o tom e o passo da inveja. Ei, inveja, pega leve. Ei, inveja, sai fora. Ei, inveja, aqui não é o teu lugar. Ei, inveja, tu anda muito saliente. Ei, inveja, menos. Ei, inveja, deixa de ser saidinha. Repito: somos humanos. É normal sentirmos uma inveja aqui e outra acolá. Me desculpe, não acredito em inveja branca. Inveja é inveja. A inveja que eu sinto é aquela de "puxa, que legal isso que você conseguiu, também quero". Atenção: também quero. NÃO O SEU. Quero algo meu. Também quero. NÃO PUXAR O SEU TAPETE. Mas ter o meu próprio tapete persa. Entende a diferença? Minha inveja não é travestida de raiva. Não tem nada oculto ali, não. É apenas a vontade de ter. Sinto inveja de quem tem um bebê lindo e saudável. Também quero. Não, minha amiga, não fica com medo; não vou sequestrar o teu bebê. Não quero o seu. Quero o meu. Do meu jeito, com a minha boca, com os olhos do meu marido, com a paciência do meu marido, com o bom humor do meu marido, com o gênio do meu marido. Porque se tiver o gênio como o meu, fodeu.

Como eu dizia, torço pelos que amo, admiro ou quero bem. Sou assim, da turma da torcida. Se eu posso fazer algo pra te ajudar pode ter certeza que vou fazer. É de mim isso. Se eu posso amenizar a tua dor, ainda que seja com minhas palavras tortas e sem sentido, vou procurar fazer o possível para que isso aconteça. Eu SOU assim. E não vou mudar. Nem quero. Não sou santa, mas gosto que os outros estejam bem. Inclusive eu.

Tenho ouvido tanto, tanto. Mas tanto que chego a me arrepender por alguns segundos por ter feito este blog. Criei o ABC do nenê pra não atormentar meus leitores lá no site com papos bebezísticos. Pra dividir experiências, fazer confissões, fazer uma troca bonita, falar sobre os sonhos e anseios da maternidade. Mas não sei se foi uma boa ideia. Estou aqui di-vi-din-do. Não espero aplausos, sorrisos, dedos apontados ou julgamentos chatos. Só estou dividindo. Mais nada. Mas tem gente que não sabe dividir, somar, se doar. Tem gente que só aprendeu a subtrair. Mais uma vez: que pena.

Algumas das coisas que tenho escutado e lido: meio cedo para comprar roupinhas, né? Meio cedo para fazer tantos planos, né? Devia consultar outro médico, pois pressão alta e pânico exigem um obstetra especializado em gestação de alto risco. Aproveita pra dormir agora, depois nunca mais vai dormir uma noite inteira. Aproveita pra viver agora, depois a vida gira em torno de uma criança. É bom mesmo chegar no peso ideal pra não ter diabetes. Olha, toma cuidado, essa coisa de pressão alta é muito perigosa. Eu não engravidaria tendo Síndrome do Pânico. Um filho destrói um casamento. Ih, pensa bem, hein? Pânico na gestação é bem complicado. Já começa a tomar sol no mamilo pra deixar ele mais forte. Não passa sabonete no mamilo. Belisca o mamilo pra ele ir acostumando, amamentar enche os seios de feridas. Parto normal é horrível, ainda mais pra quem tem pressão alta. Faz cesariana! Se perder o primeiro não desiste, é bem comum!

Caceta! Caralha! Agradeço demais pela força, pelas palavras de incentivo, de carinho (ou não), pelas dicas, por isso e aquilo. Mas, sinceramente, se não tem algo de BOM e AGRADÁVEL pra dizer, por favor, não diz. Se não tem uma experiência bacana pra compartilhar comigo, por favor, fecha a matraca. É incrível como as pessoas têm um palpite pra tudo. E é mais incrível ainda que tem gente que adora uma tragédia, tem uma história ruim pra contar ou acha que sabe mais e melhor que a gente. Eu tenho um bom médico, confio nele. O parto vai ser do jeito que tiver que ser, do melhor jeito pra mim e para o bebê. Antes mesmo de pensar em parto, tenho que engravidar. E vai acontecer quando tiver que acontecer. Acredite, eu li MUITO a respeito de hipertensão, pânico e gestação. MUITO. Estou tentando ficar tranquila quanto a isso. Por favor, não vem encher minha cabeça de caraminhola. Não acho que a vida TERMINA com a chegada de um bebê. Acho que é aí que COMEÇA uma nova etapa na vida da mulher, do homem, do casal. Também acho que um filho só destrói um casamento que nunca foi sólido. Deixem meus mamilos em paz! Diabetes gestacional pode surgir mesmo em mulheres magras. 

Chega de conselhos de padaria. Sei que isso é só o começo. Depois que engravida é pior ainda. E depois que o bebê nasce surgem mil especialistas ensinando como amamentar, como dar banho, como cessar o choro, como acalmar a cólica. O mundo está cheio de gente pós-graduada em alguma coisa.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Pequeno enxoval

Imagem: We heart it


Hoje resolvi fazer um levantamento de tudo que o bebê já tem. Comecei a comprar devagarinho no ano passado. Uma coisinha aqui, outra ali, cores neutras. Embalei um a um e coloquei dentro de duas daquelas embalagens de cobertores e lençóis. Minha mãe deu a ideia de colocar um sabonete aberto dentro de cada uma. Então, coloquei um sabonete da Johnson's (adoro o cheirinho) dentro de cada embalagem.

Olha a listinha:

3 babadores
1 macacão RN
3 calças de algodão RN
2 fraldinhas de boca
1 all star de crochê
6 pares de meia de 0 a 6 meses
2 body de manga comprida RN
1 conjuntinho de casaquinho + calça com pezinho tamanho único
1 macacão tamanho P
1 conjunto (touca, luvas e meias) de malha RN
1 cueiro de malha
1 conjuntinho de escova + pentinho
1 toalha de banho com capuz
1 mijão sem pé RN
1 mijão com pé RN
1 camisetinha de manga curta G
5 body de manga comprida P
1 conjuntinho de body curto + body comprido + calça RN
1 swaddle
1 camisetinha de manga comprida P
3 mijão sem pé P
1 mijão com pé P
1 body manga curta M


Tem gente que já me perguntou se eu não ficava mais ansiosa fazendo enxoval. Não, não fico. Pelo contrário, me sinto bem comprando coisinhas. Uma pessoa me disse que dava azar. Não acredito nisso, conforme já disse: o que a gente faz com amor só pode dar certo.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

What color eyes will your children have?

AQUI dá pra ver se o bebê vai nascer com os olhos castanhos, azuis ou verdes.

Encantadora de bebês

Clica AQUI para conhecer um blog sobre a aplicação do método da inglesa Tracy Hogg.

Meu nome é Clarissa e meu sobrenome é Ansiedade

Imagem: Reprodução



E daí eu fui ao médico. É, isso mesmo. Na véspera, mal consegui dormir. Fiquei pensando mil bobagens, como de costume. Como não consegui marcar no consultório que sempre vou, tive que marcar em um outro consultório que ele atende, na Santa Casa. O problema é que a Santa Casa me traz más recordações. Explico: duas vezes tive que ficar na sala de medicação, por conta de crises hipertensivas que tinham a ver com a Síndrome do Pânico. Em uma vez, minha pressão estava 18 por 10. Na segunda, 17 por 9. Já aconteceu de eu ter que voltar na Santa Casa por causa do meu marido, que teve crise renal. Mas não me deu nada, fiquei numa boa, segurei a onda. Minha e dele. Cheguei na Santa Casa com um frio na barriga e um suador na palma das mãos. A parte dos consultórios é bem longe da Emergência, de onde fiquei. Mas nem isso me deixou mais aliviada. 

Antes de mais nada eu quero dizer que a.m.o o meu médico. Ele é ótimo, querido, atencioso, paciente, competente e atende com a maior tranquilidade do mundo, como se a gente fosse única e especial. Jader Burtet é o nome dele: ginecologista, obstetra e mastologista. Cheguei lá, de mãos dadas com meu marido. Oi, Jader. Oi, Clarissa. Então, Jader, a gente quer ter um bebê. Ai, que coisa boa, Clarissa. Pois é, Jader, sei que tu vai dizer que não, mas por mim eu já fazia todos aqueles exames pra ver se posso ter filho. Ele sorriu e disse: é muito cedo pra pensar nisso. É, eu sei que é. Mas a minha cabeça não acha isso. Ela pensa um montão de coisa feia. E o trabalho sujo, de dar um sossega leão nos pensamentos, é todo meu. Nem sempre venço, mas juro que me esforço.

Perguntei se o uso prolongado da pílula pode trazer alguma dificuldade para engravidar, ele disse que não. Perguntei se vou demorar muito para engravidar, ele disse que não tem como prever. Só é feita uma investigação mais profunda se o casal tenta há mais de um ano, sem sucesso, ter bebê. Perguntei se já paro de tomar a pílula, ele disse que ainda não. Primeiro ele quer que eu faça uns exames. Depois, talvez eu tenha que tomar algumas vacinas. Então, posso parar a pílula e começar a tomar o ácido fólico. Ele disse que é bem difícil engravidar de primeira. A chance de engravidar a cada ciclo é em torno de 20%. O número de mulheres que perdem o bebê na primeira gestação é em torno de 13%. Sim, eu perguntei tudo que pode dar errado. Ele me mandou relaxar. Contei que estou fazendo uma dieta, que quero estar no meu peso para engravidar. Ele disse o seguinte: faz a tua dieta e quando te sentir confortável começa a tomar ácido fólico. Pedi três meses para entrar em forma, ele disse que tudo bem. Que é até bom esperar esse tempo, para fazer os exames e tomar as vacinas. Questionei sobre o Pânico, sobre a pressão e ele disse o seguinte: realmente eu preciso parar de tomar o remédio do Pânico, mas já comecei o processo de desmame. Falou que se for necessária alguma medicação, a Fluoxetina é a única que poderei tomar, que tem que ser avaliado por ele e pelo psiquiatra. Reforcei que por mim não tomo absolutamente nada, fico só no chá de camomila. Estou tomando florais, ele disse que quando eu engravidar vou ter que parar, pois eles têm álcool na fórmula. Sobre a pressão, ele disse que emagrecendo ela já vai diminuir, mas caso não normalize ele dá outro jeito. Me deixou tranquila, me deixou segura, me deixou sem medo. Pediu muitas vezes para que eu relaxasse. Saí de lá com uma requisição e feliz. Até que.

A gente sempre encontra pelo caminho alguém pessimista. E alguém que adora jogar areia no sonho do outro. É ou não é? Então encontrei uma amiga, comentei com ela sobre o médico e ela cortou o meu barato na hora. Olha, Clarissa, pressão alta é um problema sério, tem que cuidar, tem que ver isso aí, em alguns casos nem é bom engravidar. Meu ginecologista tem todo o meu histórico, sabe de todos os meus problemas, falei que morro de medo de ter pré-eclâmpsia, de morrer, do bebê ter algum problema, etc. e tal. Ele me explicou diversas coisas e pediu que eu ficasse tranquila. Mas eu não sei ficar tranquila. Então, pesquisei no Dr.Google sobre gravidez e hipertensão. Li várias histórias tristes de mulheres que tiveram que fazer cesariana com 20 e poucas semanas e, é claro, o bebê não sobreviveu. Li outras tantas histórias de mulheres que tiveram pré-eclâmpsia, convulsão e sei lá mais o que e o bebê também não sobreviveu. Li mais outras tantas histórias horríveis e pensei: talvez ter um bebê não seja pra mim. E chorei. E fiquei triste. E percebi que de repente eu estou sofrendo por antecipação. Então resolvi tentar ficar tranquila.

Pode ser que emagrecendo a minha pressão estabilize. Pode ser que eu engravide e tenha uma gestação tranquila. Pode ser que eu engravide e minha pressão fique maluca. Mas tem um remédio que as gestantes podem tomar. Mas tenho um médico que é super cuidadoso. Mas tem formas de deixar o bebê mais forte caso o parto tenha que ser antecipado. Mas se fosse realmente um risco meu médico diria. Então resolvi respirar fundo, curtir esse momento bacana de preparação, me focar em dieta e exercícios e fazer os exames. Sem drama, sem colocar a carroça na frente dos bois e da boiada inteira. Espero que eu consiga.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A amamentação em público

Todo mundo sabe o poder e a importância da amamentação. Amamentar reforça os vínculos entre mãe e bebê, diminui riscos de alergia, reforça o sistema imunológico do bebê, evita doenças. Amamentar também diminui o risco da mãe ter câncer de mama. O leite materno é o alimento mais completo para o bebê.

Acho muito lindo ver uma mãe amamentando o seu filho. Mas dia desses vi uma cena que me deixou com uma interrogação no meio da boca: uma mãe amamentando uma criança no meio da rua, com a blusa levantada, com a barriga e os dois peitos de fora. Achei feio. Eu sei que quando o bebê sente fome nem sempre é possível escolher um lugar calmo e tranquilo e sentar para amamentar decentemente. Mas alguns cuidados são sempre bem-vindos. 

Quando chegar a minha vez certamente não vou ficar fazendo a exposição da figura dessa forma. Existem capas de amamentação, blusas especiais, até mesmo um cueiro faz o favor de cobrir a barriga e outras partes. Eu sei que amamentar é super natural, mas acho que não vou me sentir bem colocando a teta pra fora da blusa no meio da rua, em pé, encostada em uma parede. 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O que é o tal de swaddle?

No mundo dos bebês, sobram nomes e artigos (de luxo e de lixo). Alguns são totalmente dispensáveis, outros tantos merecem destaque. Um dia, ouvi falar no tal do swaddle. Fiquei me perguntando o que raios era aquilo. Antes disso, é claro, decidi que queria um para o meu futuro bebê. Após pesquisas, descobri que o swaddle (que significa cueiro ou coberta) nada mais é que um pedaço de pano para fazer um embrulhinho no bebê.

Nos primeiros dias e semanas do recém-nascido, é essencial que ele se sinta seguro, confortável, quentinho e firme, como estava lá dentro do útero. É perigoso fazer o embrulhinho com qualquer cobertinha, pois se ele ficar mal feito ou muito solto pode acabar sufocando o bebê. Também é bom usar um cobertor fino, de malha, que não pese muito no corpinho do nenê.

O pediatra Harvey Karp, autor do livro "The happiest baby on the block", afirma que o ato de enrolar o bebê reduz o choro e ajuda os pequenos a dormirem de barriguinha para cima. Entretanto, parece que no Canadá alguns médicos discordam da opinião de Karp. Apontam que problemas como displasia do quadril, superaquecimento do bebê ou morte súbita (sufocamento causado pelo cobertor) podem acontecer com a prática do swaddle. 

Eu acho muito mais fácil e seguro comprar o swaddle wrap, que vem com espacinho para o bebê colocar as pernas e velcro para fechar o "pacotinho". Dessa forma, problemas como pontas soltas são completamente evitadas. Também vale ter bom senso: se é inverno, pode agasalhar mais o bebê e colocar o swaddle. Se é verão, deixa o bebê mais fresquinho e coloca um swaddle levinho. Também não precisa apertar muito, a ideia é deixar o bebê seguro, não completamente preso.

O bom é que o swaddle ajuda a prevenir os sustos dos movimentos involuntários que os bebês fazem, ajuda os pequenos a dormirem com mais facilidade, previne arranhões e dá mais segurança para quem está ainda descobrindo o mundo. Comprei um swaddle pela internet, da marca Goldbug, chegou hoje, é verde e bem levinho. 








segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A depressão pós-parto

Imagem: Reprodução

Chega um certo momento da relação que o casal decide aumentar a família. Depois que a mulher engravida e prepara a casa e a vida para o novo bebê, surge uma dúvida: será que vou dar conta? Alguns questionamentos ficam fazendo ronda na cabeça, feito guarda noturno. Então, finalmente chega o grande dia: o parto. 

O parto é diferente para cada mulher. Já ouvi relatos de mulheres que ficaram quase 24h em trabalho de parto. Outras deram 3 ou 4 empurrões e o bebê nasceu. Algumas amigas, que fizeram cesariana, se recuperaram super bem e não se queixaram de nada. Outras disseram que fazer cesárea é um horror. Definitivamente, é uma experiência que varia muito de mulher pra mulher. 

O fato é que depois que o bebê nasce a vida se transforma. Depois que o casal chega com aquele bebezinho pequeno e delicado em casa tudo se modifica. Inclusive muitas mulheres. É super comum sentir uma tristezinha depois de parir, afinal, o corpo passa por diversas explosões hormonais. A tristeza tende a desaparecer em alguns dias. Mas se ela não vai embora e começa a ficar mais intensa, sinal vermelho, pode ser um alerta para um problema sério que merece atenção, cuidado e tratamento imediato: a depressão pós-parto.

Li uma entrevista que o Drauzio Varella fez com um psiquiatra chamado Frederico Navas Demétrio, que é supervisor do Ambulatório de Doenças Afetivas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo e autor do livro "Entendendo a Síndrome do Pânico". Achei muito interessante e esclarecedora.


Imagem: Reprodução



DIFERENÇA ENTRE TRISTEZA E DEPRESSÃO PÓS-PARTO

Drauzio – Qual a diferença básica entre tristeza e depressão pós-parto?
Frederico Navas Demetrio – É importante estabelecer essa diferença. A tristeza pós-parto é quase fisiológica. Dependendo da estatística, de 50% a 80% das mulheres apresentam certa tristeza, certa disforia e irritabilidade que têm início em geral no terceiro dia depois do parto,  dura uma semana, dez, quinze dias no máximo, e desaparece espontaneamente. Já a depressão pós-parto começa algumas semanas depois do nascimento da criança e deixa a mulher incapacitada, com dificuldade de realizar as tarefas do dia a dia.
Drauzio – Existe explicação neurobioquímica para a depressão pós-parto?
Frederico Navas Demetrio – O pós-parto é um período de deficiência hormonal. Durante a gestação, o organismo da mulher esteve submetido a altas doses de hormônios e tanto o estrógeno quanto a progesterona agem no sistema nervoso central, mexendo com os neurotransmissores que estabelecem a ligação entre os neurônios. De repente, em algumas horas depois do parto, o nível desses hormônios cai vertiginosamente, o que pode ser um fator importante no desencadeamento dos transtornos pós-parto. Mas esse não é o único fator. Todos os sintomas associados ao humor e às emoções são multideterminados, ou seja, não têm uma causa única. Portanto, não é só a deficiência hormonal que está envolvida tanto na tristeza pós-parto, quanto no quadro mais grave que é a depressão pós-parto.

Drauzio – Que fatores são esses?

Frederico Navas Demetrio - Mulher com história de depressão no passado, seja relacionada ou não com o parto, ou depressão durante a gravidez (quadro menos frequente, mas também possível) está mais sujeita a desenvolver transtornos depressivos. Alguns fatos, por exemplo gravidez não desejada ou não planejada, causam aumento do estresse ao longo da gestação e podem contribuir para o aparecimento do problema.
Drauzio –  Como você distingue a simples tristeza pós-parto de curta duração que passa  espontaneamente da depressão que precisa ser tratada adequadamente?
Frederico Navas Demetrio –. Diante de um paciente com palidez cutânea que reclama de fraqueza, o médico pede um hemograma que confirma o diagnóstico clínico de anemia. Em psiquiatria, não existem exames complementares para respaldar o diagnóstico, que depende basicamente dos sinais e sintomas que a pessoa apresenta, de como eles se manifestam ao longo do tempo e de sua intensidade. Outro conceito importante para distinguir a tristeza da depressão pós-parto é determinar se o transtorno é disfuncional, isto é, se interfere na vida do dia a dia.

Imagem: Reprodução

DIAGNÓSTICO
Drauzio – Quando começam a aparecer os sintomas de tristeza?
Frederico Navas Demetrio - A tristeza pós-parto surge dois ou três dias depois de a mulher dar à luz, em cinco dias atinge o máximo e some em dez dias. A depressão instala-se lentamente; só de quatro a seis semanas depois do parto o quadro depressivo torna-se intenso. É uma doença que exige tratamento mais agressivo com medicamentos.
Por isso, se atendo uma mulher, uma semana depois de ter dado à luz, com os sinais clássicos de tristeza puerperal, que pode ter sido desencadeada até por privação do sono – às vezes, o bebê acorda muito à noite – e por mudanças hormonais, recomendo que espere um pouquinho, pois essa sensação desagradável poderá desaparecer em alguns dias sem deixar vestígios. Ao contrário, se os sintomas foram se instalando gradativamente ao longo de várias semanas e ficando piores a cada dia, ela pode estar desenvolvendo um quadro de depressão pós-parto.
Drauzio – Isso quer dizer que, num primeiro contato, é muito difícil estabelecer o diagnóstico com clareza.
Frederico Navas Demetrio – É difícil. Entretanto, se a moça deu à luz há mais de um mês e a tristeza continua intensa, é grande a probabilidade de estar com depressão pós-parto. Fechar o diagnóstico, porém, depende dos sintomas que apresenta e de como e quanto eles estão interferindo no seu dia a dia.
Drauzio – Com que frequência aparecem os casos de depressão pós-parto?
Frederico Navas Demetrio – Segundo revelam as estatísticas americanas, a depressão verdadeira, essa que surge várias semanas depois do parto e requer tratamento específico, acomete em torno de 10% a 15% das mulheres, o que é um número muito alto.
Drauzio – Essas mulheres recebem o diagnóstico de depressão quando manifestam os sintomas?
Frederico Navas Demetrio – Infelizmente, a maior parte dessas mulheres não fica sabendo que está deprimida e atribui os sintomas ao estresse, ou não tem suas queixas valorizadas pelo companheiro, nem pelo pediatra que atende a criança, nem pelo obstetra que acompanha o pós-natal. Como o início não é abrupto, o transtorno assume ares de algo fisiológico, sem importância, e elas não recebem o tratamento adequado. O resultado é que, às vezes, o quadro pode resolver espontaneamente, mas, em muitas outras, pode tornar-se crônico.

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SINAIS DE ALERTA
Drauzio – Como a mulher que está se sentindo meio entristecida depois do parto pode perceber que aquilo é algo passageiro, ou sintoma de uma depressão mais grave?
Frederico Navas Demetrio – Para a mulher que deu à luz há poucos dias, é quase certo que os sintomas desaparecerão espontaneamente em duas ou três semanas. No entanto, aquelas que deram à luz há um mês, um mês e meio, e estão cada vez mais tristes, precisam prestar atenção em alguns sintomas fundamentais.
O primeiro é que a tristeza não está relacionada só com o nascimento da criança. Não está restrita ao fato de não se considerar boa mãe nem suficientemente capaz para cuidar do bebê. A tristeza permeia outros contextos de sua vida. A mulher deprimida perde o interesse pelo programa de televisão que gostava de ver, pelas leituras que lhe davam prazer, pela profissão. Às vezes, a licença-maternidade está chegando ao fim e ela pouco se importa com a perda do emprego se não reassumir o cargo.
Outros sintomas são a sonolência, a falta de energia durante o dia inteiro, o desinteresse pelo marido, o desejo sexual que não retorna e as alterações do apetite para mais e para menos. Algumas ficam famintas e comem muito. Outras nem podem chegar perto dos alimentos.
A ansiedade faz parte também do quadro de depressão pós-parto. A mulher tem ataques de pânico sem ser portadora desse transtorno ou pode desenvolver comportamentos obsessivos em relação à criança como agasalhá-la demais ou verificar a cada instante se ela está respirando.
Drauzio – Toda mulher faz isso quando tem um filho. Como saber se esse sintoma faz parte de um quadro patológico?
Frederico Navas Demetrio – Na depressão pós-parto, esse comportamento é exagerado e está associado a muita tristeza. Acima de tudo, o sofrimento é enorme e a pessoa está consumida pela sensação de fim de linha e de sua capacidade para sair daquela situação. De qualquer forma, repito, é sempre preciso considerar o conjunto dos sintomas para fechar o diagnóstico.

Imagem: Reprodução

PREVALÊNCIA
Drauzio – A depressão pós-parto é mais frequente no nascimento do primeiro filho ou aparece também nas outras gestações?
Frederico Navas Demétrio – Depende dos antecedentes da mulher. Se ela teve depressão no pós-parto de um filho, a possibilidade de repetir o quadro em outra gestação é de 50%.
Na verdade, a recorrência da depressão é muito alta. Ela é considerada uma doença episódica recorrente e a tendência é manifestar-se novamente se repetida a situação em que surgiu pela primeira vez.
Drauzio – Mas isso acontece também com a depressão comum…
Frederico Navas Demetrio – Ocorre, sim. Em 50% dos casos, quem teve depressão uma vez vai repetir o quadro em algum momento da vida. Se ela se manifestou no período pós-parto, cerca de 30% das mulheres correm o risco de desenvolver a doença fora desse período.
Drauzio – A mulher que teve depressão na adolescência ou na vida adulta corre risco maior de desenvolver depressão pós-parto?
Frederico Navas Demetrio – O risco de depressão pós-parto é maior se a mulher desenvolveu um episódio depressivo anteriormente, mesmo que tenha sido tratada, ou se teve depressão durante a gravidez. Anos atrás, considerava-se que as doses elevadas de hormônios presentes durante a gestação protegiam a mulher. Hoje se sabe que não é bem assim. Mulher grávida também está sujeita a ter depressão. Como, muitas vezes, ela interrompe o tratamento temendo que a medicação possa prejudicar a criança, o risco de a doença agravar-se depois do parto aumenta muito.

Imagem: Reprodução

TRATAMENTO

Drauzio – Há medicamentos para tratar a depressão seguros para o feto?

Frederico Navas Demétrio – Há medicamentos seguros. Tanto os mais antigos, os tricíclicos, quanto os mais modernos, como os inibidores de recaptura da serotonina, são seguros quer em termos de malformações quer como agentes neurocomportamentais, ou seja, não provocam malformações na criança nem alterações em seu comportamento. Acompanhados até a idade pré-escolar, os filhos de mulheres que engravidaram tomando esse tipo de medicação não mostraram nenhum transtorno comportamental.
Há alguns anos, o tratamento de escolha para a depressão durante a gravidez era o eletrochoque. Hoje, ele só é indicado  para casos muito graves, com risco de suicídio e que exigem resposta rápida.
Drauzio – Se tomados durante a fase de amamentação, esses remédios podem prejudicar a criança?
Frederico Navas Demetrio – Durante a gestação, esses medicamentos não interferem na formação da criança, porque dentro do útero ela não faz esforço respiratório. Depois que nasce, porém, seu efeito sedativo pode passar pelo leite e o perigo existe. Por isso, são indicados alguns antidepressivos específicos que passam menos para o leite materno e o esquema é discutido com a mulher. Uma das sugestões é desprezar o leite colhido algumas horas depois de tomada a medicação, aquele em que os componentes da droga estão mais concentrados, e oferecer o colhido mais tarde. Isso diminui a exposição da criança ao antidepressivo e permite utilizá-lo durante o aleitamento.
Drauzio – O uso da medicação é sempre fundamental no tratamento da depressão pós-parto?
Frederico Navas Demetrio – É sempre fundamental. Embora algumas depressões desapareçam espontaneamente, uma porcentagem significativa se cronifica. E tem mais: se não for tratado, o episódio agudo pode deixar um resíduo que se confunde com a distimia, uma forma de depressão mais leve, crônica, que interfere na capacidade de raciocínio e no desempenho funcional. Muitas vezes, essa depressão contínua é considerada um traço da personalidade da mulher e nenhuma providencia efetiva é posta em prática.
Drauzio – A psicoterapia também ajuda a tratar da depressão?
Frederico Navas Demetrio – Como a depressão em geral tem múltiplos fatores determinantes, isto é, não é provocada só por condições biológicas, mas tem fatores sociais e familiares envolvidos, a psicoterapia individual ajuda a mulher a lidar melhor com o problema e a descobrir que tem um potencial que precisa ser estimulado.
Drauzio – Nos casos em que a depressão não é diagnosticada e evolui sem tratamento, há risco de suicídio?
Frederico Navas Demetrio – Embora localizada no período pós-parto, a depressão se comporta da mesma maneira que nas outras fases da vida, e o risco de suicídio existe. No caso específico da depressão pós-parto, a forte ligação entre mãe e filho acaba protegendo um pouco a mulher. Mas, se a evolução da doença for muito negativa e os sintomas se agravarem progressivamente, ela pode chegar à conclusão de que é realmente incapaz de cuidar da criança e, infelizmente, cometer suicídio.
Drauzio – Muita gente confunde depressão pós-parto com os casos de psicose em que a mãe agride e eventualmente mata o filho. Existe alguma relação entre essas duas doenças?
Frederico Navas Demetrio – Depressão pós-parto e psicose puerperal são quadros muito diferentes. Felizmente, os casos de psicose são raros. A prevalência é de um caso para cada cem mil nascimentos.
O início da psicose puerperal é precoce. Durante a primeira semana depois do parto, a mulher perde o contato com a realidade e começa a acreditar em coisas que não existem, a ouvir vozes, a ter a sensação de incorporações com entidades, delírios e crenças irracionais.
Às vezes, imagina possuir superpoderes e pode lesar a criança não intencionalmente, mas porque acha que pode voar e atira-se pela janela com o bebê no colo. Essa doença muito grave é bem diferente da depressão que começa várias semanas depois do parto e evolui gradativamente.


Fonte: site do Drauzio Varella

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Como preparar seu cachorro para a chegada do bebê


Imagem: Reprodução

Aprenda – com as dicas do comportamentalista Alexandre Rossi – como os cães encaram a chegada de um bebê e como tornar mais segura a convivência entre a criança pequena e o cão
O cachorro pode sofrer com a vinda de um bebê
É normal um bebê atrair boa parte das atenções que antes eram destinadas ao cão. Os cães frequentemente fazem a associação da perda de atenção e carinho com a chegada do recém-nascido e isso pode ser motivo de não gostarem da criança. Mesmo que não ocorra a associação, se o cão sentir que o interesse por ele diminuiu bruscamente, poderá ficar inseguro e ansioso e desenvolver algum problema de comportamento. Veja como agir diante de uma situação como essa, para tudo correr bem.
O ideal é começar a preparar o cão antes de o neném chegar
Procure prever as mudanças que ocorrerão com a chegada da criança e tente adaptar o cão a elas, gradativamente. Alterações radicais costumam ser as mais estressantes. Um animal social como o cão pode temer ser expulso por causa da chegada de um novo indivíduo no grupo, pois depende dos companheiros para sobreviver. Por isso, o cachorro costuma se manter muito atento, observando como os outros agem e como fica a situação dele à medida que novos fatos acontecem. Reduzir gradualmente a atenção, o carinho e o espaço físico é a melhor maneira de o cão se adaptar bem, porque lhe permite perceber que continua a ser amado por quem sempre cuidou dele e, portanto, a sua posição de membro do grupo continua garantida.
Espaço físico e atenção
Se o cão não vai poder entrar num quarto depois de o local ser ocupado pelo neném, é preferível pôr em prática a proibição algumas semanas antes. Evita-se assim a associação da presença do novo membro da família com a perda do espaço.
É quase impossível que, com a vinda do recém-nascido, o casal continue a dar ao cão a mesma atenção de antes. Para que essa aparente redução de interesse não seja associada ao bebê, acostume o cão a nem sempre receber atenção – procure ignorar algumas das tentativas dele para conseguir carinho. Assim, ele aprenderá a lidar com a frustração e ficará menos ansioso quando não conseguir obter carinho de alguém entretido com o neném.
Imagem: Reprodução
Associe o bebê a coisas boas
Além de evitar as associações negativas, é possível estimular o cão a gostar do bebê mostrando como pode ser prazeroso e interessante ter um neném nas redondezas.
O cão terá todos os motivos para não apreciar a criança se perceber que, quando ela está por perto, o casal o ignora por completo e se somente receber atenção na ausência do bebê – cenas, aliás, bastante comuns. Pior é quando as pessoas que estão com a criança gritam com o cão para ele não chegar perto.
A idéia é fazer exatamente o oposto. Na presença da criança, sempre procure dar petiscos, carinho e atenção ao cão. Em pouco tempo, ele perceberá que essa proximidade significa coisas legais. Em vez de ficar enciumado, se entreterá com guloseimas ou com o que de bom acontecer e passará a gostar de ter o bebê por perto. Os agrados ao cão e os petiscos podem ser dados por uma pessoa, enquanto outra segura o bebê, sem problemas. O importante é algo agradável ocorrer sempre que o bebê estiver por perto.
Associar o cheiro da criança com coisas boas aumenta as chances de o cão, ao se encontrar com ela, considerá-la parte da “matilha” em vez de um estranho, negativo ou perigoso. Esfregue alguns panos no bebê e coloque-os em locais estratégicos, agradáveis para o cão, como embaixo do prato de comida dele e nos locais onde ele gosta de cochilar. Assim, enquanto come e dorme, o cão sente cheiro do neném.
Imagem: Reprodução
Resumo das dicas
  1. Evite mudanças bruscas na vida de seu cão. Antecipe as mudanças e torne-os gradativas.
  2. Associe o neném com coisas interessantes para o cão. Dê-lhe petiscos e atenção quando estiver com o bebê no colo ou por perto.
  3. Coloque panos com o cheiro do neném embaixo do prato de comida de seu cão e nos locais onde ele gosta de dormir e relaxar.

Fonte: site Cão Cidadão

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Inspirações

Separei umas imagens de quartinhos de bebês lá do site da Constance Zahn. Olha que amor:
















O desenvolvimento dos bebês mês a mês



Foto: Reprodução




Primeiro mês: Nesse início de vida, o bebê não controla nem a musculatura dos olhos. De todos os seus sentidos, a visão é a menos desenvolvida, por não ter sido exigida durante a gestação. No recém-nascido, seu alcance é de 20 a 30 centímetros, mais ou menos a distância entre o rosto do bebê e o da mãe na hora da amamentação. A criança não consegue focalizar objetos além dessa medida. As imagens são embaçadas e duplas porque as duas retinas ainda não estão unidas. O bebê é míope. Para ajudar nesse avanço, coloque móbiles coloridos sobre o berço. O olhar do bebê é atraído por objetos em movimento e de cores contrastantes, como preto e branco. Aos 6 meses, a visão estará quase igual à de um adulto. A audição do recém-nascido, ao contrário, é tão boa quanto a dos pais, porque começa a se desenvolver a partir do quinto mês de gestação. O feto escuta os movimentos dos órgãos maternos. A batida do coração da mãe gera ruídos que podem alcançar 95 decibéis. Tanto barulho quanto o de um helicóptero em pleno vôo. Por isso, com apenas 3 dias, o bebê reconhece a voz da mãe e, em 20, emite sons em resposta ou vira a cabeça em direção ao barulho. Com 1 mês, ele registra a seqüência de palavras e, com 8 semanas, será capaz de demonstrar preferência pelo idioma materno. O paladar do recém-nascido também é aguçado. "Ele tem capacidade de distinguir o salgado, azedo, amargo e doce. Gosta mais do último", diz a pediatra Rosa Resegue. Segundo ela, logo nos primeiros dias o bebê reconhece o leite materno entre o de outros seios. Nesse início, pode mamar cerca de dez vezes ao dia e dormir de 20 a 22 horas. A alimentação e o sono entram aos poucos na rotina. Acordado, o bebê parece estabanado e assustado em seus movimentos. Ele não os controla, são reflexos involuntários.  


Segundo mês: Um dos grandes marcos desse período é o sorriso social. "Indica que o desenvolvimento psíquico e afetivo da criança está indo bem", diz a pediatra. É um fenômeno curioso, porque independe do olhar e da receptividade dos pais. "Crianças cegas e surdas também têm esse sorriso", diz Rosa. Além do sorriso, o bebê de 2 meses já consegue levantar o queixo, sinalizando que o controle da musculatura do pescoço está avançando. Tem também o reflexo de virar o rosto de lado se colocado de bruços quando acordado. Outros reflexos, como o de estender o corpo para trás se for subitamente levantado e o da marcha, começam a ser inibidos, porque o domínio sobre os movimentos aumenta. A visão – as duas retinas se fundem – permite ao bebê fixar e acompanhar objetos e pessoas. Ele enxerga a mãe de outro modo. Não apenas o contorno do rosto, como era antes. Vê detalhes, o nariz, a boca, os lábios. É capaz de reconhecer o pai, os avós, a babá. Nessa fase, é importante dar continuidade ao calendário de vacinas, orientado pelo pediatra. É que elas também dependem do desenvolvimento do bebê. Têm datas para ser ministradas porque o tecido que produz a imunidade do bebê, o linfóide, possui uma determinada velocidade de crescimento. "Não adianta imunizar o bebê antes porque o organismo dele não vai conseguir responder à vacina", diz o pediatra Francisco Lembo Neto. 

Terceiro mês: A boca é o principal instrumento do bebê para conhecer o mundo. Ela discrimina consistência, volume, texturas dos objetos, das pessoas e até das partes do corpo do bebê. Ele ainda não leva o pé à boca, mas as mãos são saboreadas junto com brinquedos moles que já consegue pegar. Os movimentos reflexos continuam a diminuir. O da marcha, por exemplo, é trocado pela tentativa voluntária de seu filho ficar apoiado nas duas pernas quando colocado em pé. A coluna está mais ereta. No final do terceiro mês, o bebê consegue erguer bem a cabeça, o tronco, esticar os braços e movimentar a cabeça à procura de objetos e sons. O padrão de sono muda. A criança dorme 16 horas por dia. Ainda é bastante e existe uma razão. "O bebê precisa disso tudo de sono para não consumir calorias a mais do que as necessárias, já que o seu metabolismo trabalha loucamente", diz Lembo. E, ao dormir, o bebê controla seu desenvolvimento. Ele alterna sono profundo e sono REM (quando os olhos se movimentam). Sabe-se que é no REM que os adultos sonham. Não dá para comprovar se os bebês fazem o mesmo, mas é nessa fase do sono que as células de seu cérebro formam novas sinapses. A atividade cerebral do bebê nesses momentos é tão intensa que, às vezes, ele sofre uma espécie de blecaute, tamanha a quantidade de informações que são registradas. Em atividade, os movimentos do bebê avançam. Ele começa a virar o corpinho para o lado. Já tem noção de profundidade desde que nasce, mas não de perigo, que é algo a ser aprendido. Por isso, cuidado com as quedas. Do terceiro para o quarto mês aparecem os arrulhos ou balbucios. "Quando os pais conversam com os filhos, eles respondem com sons e entonação como se estivessem mantendo um diálogo", diz a pediatra Rosa.

Quarto mês: O bebê passa a dormir praticamente a noite inteira. Durante o dia está mais ativo. Sorri bastante. A boca continua sendo o centro do conhecimento. Ele segue objetos visualmente até 180 graus. Tenta pegar brinquedos suspensos e pode passá-los de uma mão para outra. De bruços, fica cada vez mais com a cabeça firme e equilibrada. Começa a erguer o tórax. As mãos devem se abrir, o que é um bom sinal de desenvolvimento. "Crianças com problemas cerebrais não abrem o polegar", afirma o neuropediatra Luiz Celso Vilanova. O quarto mês traz muitas novidades: o bebê chora quando é deixado sozinho, gosta de brincar de esconde-esconde com a mãe que tapa o rosto com as mãos, explora o corpo, pegando o pé ou os genitais. Tocar os calcanhares indica que ele começa a usar a musculatura da perna. "Um treino que mais adiante será exigido no engatinhar e no andar", diz Lembo. A linguagem avança com a percepção de sílabas e palavras. O bebê nota que os sons são acompanhados pelos movimentos da boca de quem fala. 


Quinto mês: 
O principal ganho desse período é girar a cintura. Deitada, a criança primeiro joga a bacia para o lado, depois as pernas e então o corpo. "É um girar desconectado do tórax. Significa que o fortalecimento da musculatura atingiu a cintura", diz o pediatra Lembo. O bebê está perto de sentar. Seus braços e pernas adquirem agilidade, não sossegam durante o banho como os pais podem notar. Os bebês parecem aproveitar esse momento para praticar movimentos rítmicos, voluntários. Essa agitação ajuda a organizar o cérebro, formando conexões entre as células e estabelecendo um padrão para quando ele tiver força para engatinhar. Já fica em pé quando é seguro pela cintura. 

Sexto mês: O bebê começa a sentar com apoio de travesseiros e almofadas, porque tem o controle total da parte torácica e da bacia. Os brinquedos precisam estar por perto. As tentativas para pegá-los estimulam o aprendizado do equilíbrio. A criança interage mais com o ambiente. Não gosta de ficar sozinha e sorri quando alguém conhecido vem em seu socorro. Estica os braços pedindo colo. Deixa as pernas estendidas quando deitada de bruços. A preensão palmar, antes reflexa, torna-se totalmente voluntária. O bebê pega os objetos que deseja. Também chuta, se balança, se debate e bate, esfrega, arranha, se inclina de modo rítmico e repetitivo. Com isso, manda estímulos para o cérebro, que se organizam em informações para o futuro: engatinhar, ficar em pé e andar. O bebê rola sobre si, indicando que o amadurecimento da musculatura está chegando nas coxas. Cuidado com os tombos. O sono já virou rotina previsível. Ele dorme cerca de 14 horas, incluindo as sonecas durante o dia. A qualquer momento, a partir de agora, pode soltar um "mmmmmmmm", que, em geral, é interpretado como: "Ele disse mamãe". 


Sétimo mês: 
Quando sentada, a criança coloca as duas mãos à frente do corpo, apoiadas no chão, para ter uma base de sustentação maior. O equilíbrio ainda é vacilante. Se você mostrar um objeto atraente, ela esquece das mãos, pega o brinquedo e tomba. "A queda manda uma mensagem ao cérebro: as duas mãos não podem sair do chão ao mesmo tempo, pelo menos por enquanto", diz o neuropediatra Vilanova. A coordenação motora se refina. O bebê começa a usar o dedo indicador e o polegar para pinçar os objetos. Parece que está escolhendo as coisas ou com nojo. O movimento se estenderá para o restante dos dedos entre o oitavo e o nono mês. A melhora na pega indica que os ossos do bebê estão endurecendo. Quando nasce, eles são flexíveis por terem mais água do que os dos adultos. Entre o sétimo e o nono mês, a criança pode bater palma, mesmo que de forma desengonçada. "Unir as mãos significa ter o controle do ombro e também ausência de problemas cerebrais", diz Vilanova.

Oitavo mês: O poder de compreensão ganha contornos mais concretos. O bebê pára uma atividade quando lhe dizem "não". Entende o significado dos gestos e dos atos. Percebe, principalmente, que é um ser separado da mãe, mas ainda precisa se assegurar de que quando ela some não deixou de existir. As brincadeiras de esconder o ajudam nessa fase, em que demonstrações de estranhamentos com outras pessoas são comuns. Assim como quando estão no cadeirão e jogam um objeto no chão. É outro reforço no entendimento de que as coisas vão e voltam, além de experiências em que a criança aprende sobre distância, som e força. Sua musculatura está mais dura e o equilíbrio, melhor. Ela senta sem apoio e pega objetos próximos sem cair. 


Nono mês: Engatinhar exige planejamento e logística. Qual perna levantar com qual braço? Resolver aonde ir. Ampliam-se a capacidade e a freqüência de tomar decisões por conta própria. Essa conquista acelera o desenvolvimento intelectual dos bebês. No princípio é engraçado. A criança poderá se arrastar com a barriga porque o controle das pernas ainda não é total. Elas não são tão firmes quanto os braços. Ou engatinhar de marcha a ré, por causa do peso da cabeça, que representa 30% do tamanho do corpo. "Cuidado com degraus", avisa a pediatra Tânia Shimoda. O dispositivo do medo, inato, é acionado duas semanas depois de ela começar a engatinhar, pela experiência ou pelos alertas dos pais.

10 a 11 meses: O desejo de ficar em pé é incontrolável. Para isso, o bebê precisa de três pontos de apoio – duas pernas e um braço, dois braços e uma perna ou dois pés e o apoio do tórax em algum lugar. Ao ficar em pé, a dimensão de mundo da criança se amplia. Os olhos de um bebê que engatinha ficam a 22 centímetros do chão. Em pé, a distância aumenta para, no mínimo, 50 centímetros, ou a altura dele. Muitos pais colocam o filho no andador. "Está errado. A criança poderá ter quedas mais freqüentes ao andar porque não fortaleceu como deveria a musculatura da perna", avisa Lembo. 

Texto extraído da Revista Crescer.




A visão do bebê



Foto: Getty Images



Por volta da sétima semana de gestação, a visão começa a se desenvolver. Ao nascer, a criança enxerga borrões, claros e escuros, e rostos e objetos que fiquem de 20 a 30 centímetros dos seus olhos. O alinhamento coordenado dos olhos ainda é difícil. Virá com o desenvolvimento neurológico. O que mais chama a atenção do recém-nascido são formas redondas e cores contrastantes. O rosto da mamãe, sempre pertinho na hora de dar cuidados, é uma grande atração – fonte de comunicação, de afeto e de segurança para o bebê. 


No segundo mês, o alcance de visão do bebê aumenta para cerca de 50 centímetros. Ele consegue fixar o olhar, focar objetos, e tenta acompanhar movimentos. No terceiro mês, passará a ver imagens tridimensionais e será cada vez mais capaz de seguir objetos ou pessoas. No quarto mês, seu filho consegue reconhecer pessoas. Aos 6 meses, estará enxergando praticamente como um adulto. 





De olho na brincadeira

Mês
Estímulos legais para a visão
Primeiro
Fale com o bebê de perto, para ele poder enxergá-la. Brinque com objetos redondos e de cores fortes.
Segundo
Faça caretas para que ele tente imitar. Um móbile no berço vai encantá-lo.
Terceiro
Segure-o em pé no colo, para ele observar melhor a movimentação ao redor.
Quarto
Brinque de esconder o rosto e fazer aparecer novamente. Eles adoram.
Quinto
Coloque brinquedos perto e longe do seu filho, para ajudá-lo a ampliar o campo de visão.
Sexto
Estimule a curiosidade do bebê, deixando-o cercado por objetos coloridos e de texturas diferentes.


* Texto extraído da Revista Crescer.