sábado, 13 de abril de 2013

Não quero me perder de mim

Imagem: reprodução


Não é à toa que existe aquele velho ditado "a língua é o chicote do c*". Por isso, dizem que quando a gente tem filho acaba se arrependendo de certas coisas que disse. Por exemplo: filho meu vai comer salada, não vai fazer birra, não vou deixar falar palavrão nem comer doce. Daí, inevitavelmente, um dia a criança acaba fazendo o que a gente condenava e, pimba, alguém te olha e diz "não era você que dizia tal coisa?". Sua cara, é evidente, vai parar lá no chão.

Tenho horror de criança mal educada. Também não gosto de criança que participa de assunto de adulto. Muito menos de quem dá ataque e se joga no chão. Eu e meu irmão nunca fizemos essas coisas, fomos educados dessa maneira. Lembro que minha mãe me obrigava a dar bom dia, boa tarde, boa noite e a falar por favor, obrigado e com licença. Tinha gente que eu detestava dar beijo e oi, mas fazia mesmo assim. Meu pai me obrigava a comer salada. Às vezes eu dava um tomate para a cadela. Mas normalmente era obrigada a comer. Lá em casa a gente só tomava refrigerante aos finais de semana. No dia a dia era água ou suco. Doce não era todo santo dia. 

Vejo que muitas crianças comem mal. Bebês comem chocolate, crianças têm livre acesso ao armário de bolachas recheadas, bolos, balas, salgadinhos, guloseimas em geral. Acho errado. Uma alimentação saudável é importante. Depois que cresci fiquei na luta contra a balança. Um engorda-emagrece-engorda-emagrece bem chatinho. Mas hoje aprendi a comer. Entendi que um prato bacana é aquele que tem legume, verdura, proteína, carboidrato do bem, ou seja, integrais. Também aprendi a comer três porções de fruta por dia, bem como iogurtes, queijos brancos, aveia e fibras. O refrigerante foi abolido e cedeu espaço para águas e chás. Outra coisa que aprendi: mexer o corpo é essencial tanto para o corpo quanto para a mente. Gastar energia renova a vida.

A hora do sono também é importante. A criança precisa se sentir segura, mas também precisa ser estimulada a ser independente. Negociar não é uma constante: faz isso que ganha aquilo. Não há negociação. Faz isso porque é importante pra ti e ponto, vem cá que te explico os motivos. E fim de papo.

Meu filho vai ser estimulado desde cedo a fazer as coisas sozinho. É bom que a criança descubra o mundo e arrisque. Cair faz parte, mas ele vai saber que vou estar ao lado, sempre. Meu sonho é ser mãe, mas sei que minha vida não vai ser só aquilo. Eu sei que um bebê ocupa 99% do tempo. Mas antes de ser mãe, esposa ou escritora eu sou mulher. Tenho planos, projetos, desejos. Quero continuar escrevendo, criando, fazendo coisas. Um filho vem pra somar, não pra me apagar. Eu sei que a gente abre mão de muita coisa, vira bobona e muitas vezes prefere ficar abraçadinha no filhote que já pegou no sono do que ir ao cinema. E sei que vou fazer isso. Só que nunca vou parar de trabalhar, produzir, querer coisas. A vida não para. Vou lembrar de não esquecer quem eu sou. É que é importante a gente não se perder da gente. Nunca.


Um comentário:

  1. Puxa Clarissa, parece tão fácil seguir essas dicas do seu texto. Tenho uma grande amiga que teve uma bebê faz um ano. A bebê está linda, mas dá um mega trabalho para comer, dormir e tem um gênio mega forte. E ela vive se perguntando onde estou errando?
    É complicado e muito difícil educar, será que quando chegar a nossa vez também vamos passar por isso?
    Isso é um dos grandes temores que tenho quando penso em ter um bebê. Será que vou dar conta? Será que ainda vou continuar bonita? Será, será?

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