terça-feira, 5 de março de 2013

Meu primeiro desejo




Quando eu era pequena adorava brincar de boneca. E eu tinha muitos nenês. Era uma mãe zelosa, que gostava de ninar meus filhotes. Depois eu cresci e deixei os nenês de lado. Mas a vontade de ser mãe nunca me abandonou, pelo contrário: se tornou cada vez mais intensa e forte.

Sempre quis ter um filho, independente de ter marido. Opções é que não faltam hoje em dia. Dá pra ter filho sem ter um homem ao lado. Mas eu sou antiga, gosto daquela coisa bonita de ter uma família, da criança crescer com uma figura materna e uma paterna. É claro que a criança pode crescer bela e feliz tendo só uma mãe, só um pai, dois pais, duas mães, avós, tios ou dindos. Mas falo do meu sonho, da minha escolha, do meu desejo. Eu queria uma família, com direito a cachorro e papagaio.

Meu marido nunca tinha pensado em ser pai até me conhecer. Ele nunca tinha pensado em ter uma família até me conhecer. Ele nunca tinha pensado em casar até me conhecer. Ele nunca tinha pensado em ter um cachorro até me conhecer. Só que ele me conheceu. E a vida dele mudou, assim como a minha. A gente escolheu a cor das paredes do nosso apartamento, escolhemos a planta da sala, as persianas das janelas, a cor dos armários do banheiro, a televisão nova, os talheres, o fogão, o tapete egípcio, o plano da NET, as toalhas que secam nossos corpos depois do banho. Dividimos as tarefas, as contas, os problemas, as soluções. O amor faz a gente se dividir sem sentir. Faz a gente se doar sem perceber. E isso é bonito e puro. 

Diariamente, treinamos nossos instintos materno e paterno com a Juno, nossa yorkshire. A pequena Juno nos escolheu em uma tarde, lá em Esteio/RS. Tão pequena, tão doce, lambia a minha mão sem parar. Naquela hora eu soube que era ela. Nós soubemos. A pequena Juno nos enche de amor a cada dia, a cada brincadeira, a cada descoberta, a cada gracinha, a cada olhar cúmplice. Ela tem horário para comer, nós nos dividimos na hora de limpar a área de serviço (que é onde ela faz as necessidades em cima do jornal), nos ajudamos na hora do banho, vamos juntos na veterinária, cuidamos dela quando ela adoece, damos carinho, atenção, brincamos, damos limites e disciplina, passeamos com ela. Escolhemos a pequena juntos. Logo na primeira noite, ela tossia sem parar. Assustados, acendemos a luz e colocamos a pequeninha na nossa cama. No outro dia, levamos na veterinária. E foi assim em todos os momentos. Quando ela foi castrada, passamos um Carnaval todinho cuidando dela. Quando ela fez o primeiro xixi no jornal, comemoramos. Quando ela conseguiu subir pela primeira vez no sofá, ficamos felizes. Pode parecer bobo para quem não tem um cachorro, mas cada descoberta é incrível. Um bichinho nos ensina muito. A Juno é uma cadelinha amorosa, querida, educada, meiga, não tem quem não goste dela. Ter um bichinho é um excelente treinamento para quem deseja um dia ter um filho. Naquela tarde em que a Juno lambia a minha mão, nos olhamos e ele me disse: agora a nossa família está completa. Quase, amor. Quase. 


4 comentários:

  1. Que lindo e apaixonante texto.
    Sim, um cachorrinho é um ótimo inicio para um belo treinamento do amor maior, que delicia de fase, Deus os Abençoe sempre!
    Beijos!

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  2. Que texto lindo! Adorei!
    Não conhecia esse seu outro blog.
    Sou sua fã!
    Beijos,
    Marisa

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  3. Que lindo Clarissa, o meu marido também nunca tinha pensado em se casar até me conhecer, estou tentando muito ter um cachorro, mas ele acha que ainda não estamos preparados visto que nos casamos apenas á 4 meses... portanto eu ganhei dele um cacto... já é um começo!!!! beijossss

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